Particularmente não sou adepto das soluções rápidas demais.
Parecem que elas sempre vão esconder o essencial. Principalmente em se tratando de decidir a vida e seu rumo.
Mas a inspiração deste texto veio de uma situação muito concreta que vivi.
Retornando de um Encontro da Pastoral de Comunicação em Manaus, depois de quatro dias intensos de convivência, uma das pessoas que estava conosco me fez uma pergunta.
Até aí tudo bem... Só que ela me fez a pergunta quando eu estava para subir no avião.
Naquele minutinho final, antes de entrar na sala de embarque ela me dispara a pergunta que não dá para ficar sem responder:
“- Como eu sei o que Deus quer para a minha vida? Como tenho certeza da minha vocação?”.
E aí lá vem a primeira dica: que hora ruim para perguntar... Depois de tantos dias juntos... Por que ela não perguntou antes?
Teríamos mais tempo para conversar sobre o assunto...
E lá vai a segunda dica: casos de vocação às vezes são tão sem hora...Tão inesperados...
Quem tem que estar preparado para responder não pode bobear.
Pais, professores, Padres, Missionários, Amigos e a quem interessar possa: quando alguém precisa definir a vida precisamos estar prontos!
Como se diz em latim: Ad Sumus! Estamos aqui! Prontidão!
Mas naquela hora senti um apelo interior de não deixar uma pessoa tão jovem e tão motivada sem resposta.
E aí lembrei de meu querido pai que sempre me falava o seguinte: são os “tais discernimentos”:
Discernimento 01 – O discernimento Pessoal
É quando a pessoa percebe que quer ser alguma coisa.
Padre, freira, solteiro, casado, médico, engenheiro, trabalhar no serviço público, ser músico instrumentista ou cantor...
E daí ela começa a dar passos interiores e exteriores para concretizar este desejo.
Discernimento 02 – O discernimento Comunitário
É quando nossa decisão encontra espaço no ambiente em que vivemos e se confirma.
Lembro-me que, quando mais jovem e justamente na época de meu discernimento vocacional, aconteceram fatos interessantes.
As portas estavam sempre abertas para o trabalho humanitário e social ao qual eu havia me proposto.
Eu entrava nos lugares e as pessoas logo perguntavam, mesmo sem me conhecer, se eu era seminarista ou vocacionado para “essas coisas de Ongs e de Igreja”.
Tinha um amigo meu, que hoje é padre, que só de entrar numa papelaria a atendente já virou para ele e perguntou: “- Você é Padre?”.
E um detalhe: ela nunca havia visto ele na vida e ele ainda era seminarista..
Ele tinha “Cara de Padre”.
O que a sua Comunidade diz de você?
Você tem cara de que?
Discernimento 03 – O discernimento de Ação Social
Esta escolha que você fez já demonstra frutos para alguém além de você?
A vocação se realiza em você para o outro.
Os outros são beneficiados com sua escolha?
E agora, vou subir no avião...
É o que dá para responder no primeiro impacto...
Lembra o início desta história?
Paulo Vitor