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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Terra quadrada – a mentira que desce redondo


Era o século XVIII. Alguns iluministas vadios estavam reunidos em uma taberna, bebendo e falando asneiras. Entre uma piada infame e outra, de repente, um gaiato solta essa: “Aí, quer saber? Os padres são tão estúpidos que, na Idade Média, pregavam que a terra era plana!”. Explosão de risos… Pronto! Nascia aí uma das mais famosas calúnias anticatólicas.
A cena acima fica por conta da minha imaginação. Mas não deve ter sido nada muito diferente disso. O fato é que a historinha vil sobre a negação da esfericidade da Terra foi inventada por intelectuais iluministas, que (a exemplo de Voltaire) estavam sempre prontos a ridicularizar a Igreja.
Saca a lenda da cenoura do Mário Gomes? Então… foi mais ou menos assim que aconteceu. O boato da crença católica na Terra plana foi tão bem espalhado que, com o tempo, se tornou “verdade”. Foi ganhando informalmente as ruas, virou conto, depois peça de teatro… E a corja viu que o embuste tava fazendo tanto sucesso, que valia muito a pena divulgá-lo por meios mais “sérios”, como livros, jornais e universidades. Mas acho que nem esses canalhas poderiam imaginar o tanto que o mito duraria, e nem o tamanho do estrago que ele faria no Corpo da Igreja.

Passaram-se três séculos após a criação do mito, e tá lá a Tia Cocota ensinando para as criancinhas que a Igreja sempre foi inimiga da Ciência e fazia carvão de qualquer um que dissesse que a Terra era esférica. Moral da história: “só pessoas burras, ingênuas ou fanáticas podem levar a sério o que a Igreja Católica diz”. Aí você entende aquelas centenas de jovens entrando e saindo das catequeses ano após ano, com um certificado de “crismado” debaixo do sovaco, mas com os corações e mentes fechados para Cristo.
Por isso, conforme o Senhor nos solicitar por meio das circunstâncias da vida, precisamos estar prontos para esclarecer as pessoas sobre os FATOS. Esse nhe-nhe-nhém de Terra chata já deu!
O CAÔ
Com algumas variações, a cantilena dos nossos detratores é essa aqui:
“Na Idade Média, a Igreja ensinava que a Terra era um disco plano (ou pior: que era quadrada!), baseando-se na suainterpretação da Bíblia. Os cientistas que ousavam dizer que ela era esférica eram tostados na fogueira.
“Por isso, os navegadores europeus acreditavam que, se chegassem até a linha do horizonte, seus navios cairiam em um grande abismo. A viagem de Colombo, em 1492, destruiu finalmente essa crendice”.
Aff…
A VERDADE
Em 1473, quase 20 anos antes da citada viagem de Colombo, foi publicado oTractatus de Sphaera Mundi (sphaera = esfera), um manual de astronomia e geografia com o maior número de edições até hoje. Era muito utilizado pelos portugueses durante a era das grandes navegações. Repararam bem no nome da obra? Já diz tudo sobre o que os navegadores medievais pensavam sobre o formato da Terra.
O livro Sphaera é, portanto, uma fortíssima evidência de que a esfericidade do globo terrestre era um fato bem reconhecido na época. Detalhe: o autor foi John Holywood (Sacrobosco), monge inglês – sim, mongeeeeeee! – e Professor de Astronomia naUniversidade de Paris – sim, aquela fundada e mantida pela Igreja.
Aliás, os escolásticos (professores universitários medievais, grande parte deles sacerdotes) eram grandes conhecedores de Aristóteles e o tinham como uma de suas principais referências. E adivinhem que formato esse célebre grego achava que a Terra tinha? Esférico!
Claro, sempre tem uma ou outra anta falando antices. Existiram sim alguns poucos autores medievais que afirmavam que a Terra era chata; porém, eles foram exceção, e geralmente eram desconsiderados pelos pensadores influentes da época. Por outro lado, os intelectuais católicos da Idade Média de maior relevância afirmavam a esfericidade da Terra. A seguir, dois grandes exemplos:
  • São Tomás de Aquino, o maior filósofo da Idade Média, afirma a esfericidade da Terra da Suma Teológica (10);
  • Dante Alighieri, talvez o maior poeta da Idade Média, cita o termo “globo” para se referir à Terra na Divina Comédia – Paraíso (8).
E, para quem acha que uma imagem vale mais do que mil palavras, vale dar uma olhadinha na foto acima. Trata-se de uma escultura Carlos Magno, o Grande, feita por volta do ano 900 – ou seja, mais de 500 anos antes da tal viagem de Colombo. É… ele está segurando um globo nas mãos. Não, não devia estar indo jogar boliche e nem tampouco tomando água de côco; aquilo é mesmo a esfera da Terra, representando o seu grande poder imperial. Pra quem não leu o nosso post sobre Carlos Magno, é bom ressaltar: o homi é uma das personalidades católicas mais importantes de todos os tempos!
Porém, a prova mais emblemática de que fomos desavergonhadamente caluniados ao longo desses séculos é dada por uma Criança: pela Europa inteira há numerosas esculturas medievais que mostram oMenino Jesus, sentado no colo de Sua Mãe, segurando uma esfera. Vai dizer que é a bolinha de brinquedo que Papai Noel deu pra Ele?
Fonte:
RUSSEL, Jefrey Burton. Inventando a Terra Plana. São Paulo: Editora Unisa, 1999.
Russel é historiador e pesquisador da Universidade da Califórnia.






Extraído do site O Catequista





segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A oração é a luz da alma


A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem interrupção.

Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas – como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo – é preciso conservar sempre vivos o desejo a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, temperadas com sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.

A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens, Pala oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.

A oração é venerável mensageira que nos leva à presença de Deus, alegra a alma e tranqüiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provêm dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8, 26).

Semelhante oração, quando o Senhor a concede a alguém, é uma riqueza que não lhe pode ser tirada e um alimento celeste que sacia a alma. Quem a experimentou inflama-se do desejo eterno de Deus, como que de um fogo devorador que abrasa o coração.

Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Com cúpulas e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.   


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por
Das Homilias do Pseudo-Crisóstomo, Séc IV

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Padre é preso por protestar contra o aborto pacificamente

Em 2009 um padre foi preso nos EUA por protestar contro o aborto em uma Universidade. Sabe de que formar ele protestava contro o aborto? Cantando e rezando veja o vídeo abaixo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A fé é amiga da inteligência

O teólogo Ruiz Aldaz comenta a relação entre fé e razão
PAMPLONA, domingo, 18 de fevereiro de 2007 (ZENIT.org).- O encontro do cristianismo com o helenismo foi providencial. Destaca isso o teólogo Ruiz Aldaz nesta entrevista concedida a Zenit, na qual aborda os temas que Bento XVI colocou em sua conferência em Ratisbona, ou seja, a relação entre fé e razão sobre a base comum da busca da verdade.
O professor Ruiz Aldaz discute este tema em seu livro «O conceito de Deus na teologia do século II. Reflexões de J. Ratzinger, W. Pannenberg e outros» (Eunsa).
Ruiz Aldaz recorda que o Papa, em sua conferência em Ratisbona, sublinhava precisamente a «coincidência de fundo entre a revelação bíblica e a filosofia grega».
Ruiz Aldaz (Pamplona, 1969) é sacerdote da diocese de Pamplona – Tudela e professor de Teologia na Universidade de Navarra. Entre seus estudos se destaca a reflexão sobre a Trindade e a teologia de São Gregório de Nisa.
–Em Ratisbona o Papa aludiu ao encontro entre cristianismo e filosofia grega. Você em seu livro afirma que o encontro do cristianismo com o helenismo foi providencial. Por quê?
–Ruiz Aldaz: Um dos permanentes centros de atenção do magistério de Bento XVI é a estreita relação que existe entre fé e razão. Em suas próprias palavras, a fé é «amiga da inteligência». Sua aula em Ratisbona em setembro do ano passado sublinhava precisamente a coincidência de fundo entre a revelação e a filosofia grega: o que não é conforme a razão é contrário à natureza de Deus.
Aristóteles começa sua grande obra de metafísica afirmando que todos os homens desejam saber. A aspiração a conhecer a verdade do divino, do próprio homem e do mundo pertence à essência do espírito humano.
Os filósofos da antiga Grécia tiveram o mérito de desenvolver uma ciência para conhecer a verdade exercitando as capacidades da inteligência humana. A grande questão que a inteligência humana se propõe é a questão da verdade.
A fé cristã é uma mensagem verdadeira. Se nos interessa a fé é porque é verdade. Se limitasse a ser um relato fantástico, seria boa literatura, mas não chegaria a satisfazer a aspiração mais profunda do espírito humano: encontrar o Deus vivo e verdadeiro.
Por isso, a fé precisa da razão: para mostrar o grau de seriedade de seu compromisso com a verdade e aprofundar em seu conhecimento. Fé e filosofia se encontram porque ambas buscam a verdade. Daí que possa afirmar-se que o encontro da fé cristã com a filosofia grega fora providencial.
–Assim, o cristianismo se deveria «des-helenizar» do todo ou é bom que conserve este influxo grego?
–Ruiz Aldaz: Os resultados a que conduz o projeto de «des-helenizar» o cristianismo estão patentes na história da teologia. Quando Bento XVI emprega a palavra «des-helenizar», quer dizer arrancar o cristianismo sua dimensão racional. Isto tem muitas conseqüências: significa privar o cristianismo de sua intrínseca relação com a verdade, impedir um autêntico diálogo da fé com os demais saberes, reduzi-lo a um puro fenômeno subjetivo e negar-lhe a legitimidade para entrar nos grandes debates filosóficos e éticos do mundo contemporâneo.
–Que contribuem os teólogos W. Pannenberg, L. Scheffczyk e J Ratzinger ao debate sobre o conceito de Deus nos primeiros teólogos?
–Ruiz Aldaz: Entre 1959 e 1999 se desenvolveu um interessante debate em torno à forma em que os primeiros teólogos empregaram alguns conceitos da filosofia grega para aprofundar no conceito cristão de Deus e propô-lo ao mundo greco-romano.
Os teólogos do século II partiam da convicção de ter conhecido em Jesus Cristo a revelação suprema de Deus. Seu trabalho consistiu em selecionar que conceitos da filosofia grega eram mais apropriados para expressar o mistério do Deus cristão e defini-los de tal forma que não o desfigurassem.
Neste debate participou um considerável número de teólogos de diversas confissões cristãs. Os mais importantes são, com efeito, Pannenberg, Scheffczyk e Ratzinger. Enquanto que Pannenberg, teólogo evangélico, aporta uma postura mais bem crítica deste trabalho, Ratzinger defende a lucidez dos primeiros teólogos ao tomar a filosofia como interlocutora privilegiada e Scheffczyk corrobora a idéia de que em seu esforço intelectual estes teólogos selecionaram com acerto que tipo de conceitos filosóficos eram mais adequados para expressar o conteúdo da fé.
–Deus como «ser pessoal» supera as expectativas da filosofia grega. Que dizia o teólogo Ratzinger sobre isto?
–Ruiz Aldaz: Ratzinger sustenta que na base do politeísmo está a idéia de que por cima das diversas divindades, existe uma lei universal impessoal que governa toda a realidade, inclusive aos deuses do Olimpo. Este é o espírito que impregna o mundo cultural greco-romano: a divindade mais alta não é um ser com o qual o homem possa se comunicar.
Para os gregos, não cabe uma relação pessoal com a divindade primeira. É uma verdade sem religião.
Uma das contribuições decisivas da revelação cristã é afirmar que o único Deus verdadeiro é o que criou tudo com sua inteligência e com seu amor. De acordo com este dado fundamental e com a fé na Encarnação, os primeiros teólogos afirmaram que Deus é um ser com quem o homem pode se comunicar.
É um ser pessoal que estabelece com o ser humano uma relação pessoal de conhecimento e amor. Ou seja, a verdade e a religião guardam uma perfeita harmonia.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sagrado Coração de Jesus - História

Os Santos Padres muitas vezes falaram do Coração de Cristo como símbolo de seu amor, tomando-o da Escritura: "Beberemos da água que brotaria de seu Coração....quando saiu sangue e água" (Jo 7,37; 19,35). 

Na Idade Média começaram a considera-lo como modelo de nosso amor, paciente por nossos pecados, a quem devemos reparar entregando-lhe nosso coração (santas Lutgarda, Matilde, Gertrudes a Grande,Margarita de Cortona, Angela de Foligno, São Boaventura, etc.).

No século XVII estava muito expandida esta devoção. São João Eudes, já em 1670, introduziu a primeira festa pública do Sagrado Coração.

Em 1673, Santa Margarida Maria de Alocoque começou a ter uma série de revelações que a levaram à santidade e ao impulso de formar uma equipe de apóstolos desta devoção. Com seu zelo conseguiram um enorme impacto na Igreja.

Foram divulgados inúmeros livros e imagens. As associações do Sagrado Coração subiram em um século, desde meados do XVIII, de 1000 a 100.000. umas vinte congregações religiosas e vários institutos seculares foram fundados para estender seu culto de mil formas.

O apostolado da Oração, que pretende conseguir nossa santificação pessoal e a salvação do mundo mediante esta devoção, contava já em 1917 com 20 milhões de associados. E em 1960 chegava ao dobro em todo o mundo, passando de um milhão na Espanha; suas 200 revistas tinham 15 milhões de inscrições. A maior instituição de todo o mundo.

A Oposição a este culto sempre foi grande, sobretudo no século XVIII por parte dos jansenistas, e recebeu um forte golpe com a supressão da Companhia de Jesus (1773).
Na Espanha foram proibidos os livros sobre o Sagrado Coração. O imperador da Áustria deu ordem que desaparecessem suas imagens de todas as Igrejas e capelas. Nos seminários era ensinado: "a festa do Sagrado Coração provocou um grave mancha sobre a religião".

A Europa oficial rejeitou o Coração de Cristo e em seguida foi assolada pelos horrores da Revolução francesa e das guerras napoleônicas. Mas depois da purificação, ressurgiu de novo com mais força que nunca.

Em 1856 Pio IX estendeu sua festa a toda a Igreja. Em 1899 Leão XIII consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus (o Equador tinha se consagrado em 1874).

E a Espanha em 1919, em 30 de maio, também se consagrou publicamente ao Sagrado Coração no Monte dos Anjos. Onde foi gravado, sob a estátua de Cristo, aquela promessa que fez ao pai Bernardo de Hoyos, S. J., em 14 de maio de 1733, mostrando-lhe seu Coração, em Valladolid (Santuário da Grande Promessa), e dizendo-lhe: "Reinarei na Espanha com mais Veneração que em muitas outras partes" (Até então a América também era Espanha).

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Igreja: santa e pecadora? - Padre Demétrio Gomes

A expressão “Igreja santa e pecadora” possui um indiscriminado uso por parte de muitos católicos – alguns até com uma suposta formação, como é o caso de sacerdotes e catequistas -, mormente nesta época onde se traz à tona os pecados de alguns eclesiásticos.


Por essas e outras, vale a pena recordar sua imprecisão…
[o texto é de Acidigital, e os grifos são meus]
O vaticanista Sandro Magister afirmou em um recente artigo que o termo “Igreja pecadora” nunca foi considerado certeiro pelo Papa Bento XVI, pois embora esta fórmula esteja de moda, é alheia à tradição cristã.
Magister se referiu ao artigo do L’Osservatore Romano sobre o encontro entre o Papa e os cardeais por seu quinto aniversário de eleição pontifícia, e no qual o jornal escreveu que “o Pontífice tem feito referência aos pecados da Igreja, recordando que ela, ferida e pecadora, experimenta mais o consolo de Deus”.
Entretanto, adverte Magister, “é duvidoso que Bento XVI tenha se expressado dessa maneira. A fórmula ‘Igreja pecadora’ nunca foi dele. E sempre a considerou equivocada”.
Como exemplo, citou a homilia da Epifania de 2008, onde “definiu a Igreja de um modo totalmente distinto: ‘Santa e composta por pecadores’”.
“E se examinarmos bem encontraremos que ele sempre a definiu desse modo. Ao final dos exercícios de Quaresma de 2007, Bento XVI agradeceu ao pregador – que esse ano havia sido o Cardeal Giacomo Biffi– ‘por haver-nos ajudado a amar mais a Igreja, a ‘immaculata ex-maculatis’, como nos ensinaste com (citando) São Ambrósio’”.
A expressão “immaculata ex-maculatis”, explica o vaticanista, “está em uma passagem do comentário de São Ambrósio ao Evangelho do Lucas” e significa “que a Igreja é Santa e sem mancha, mesmo quando acolhe nela homens manchados de pecado”.
Magister explicou que o Cardeal Biffi publicou em 1996 um ensaio dedicado a este tema e que continha no título “uma expressão mais ousada ainda, aplicada à Igreja: ‘Casta meretrix’, meretriz casta”; fórmula usada pelo “catolicismo progressista” para dizer “que a Igreja é Santa ‘mas também pecadora’ e deve sempre pedir perdão pelos ‘próprios’ pecados”; e que Hans Küng afirma que foi usada “freqüentemente desde a época patrística”.
“Freqüentemente? Pelo que sabemos, em todas as obras dos Padres, a fórmula só aparece uma vez: no comentário de são Ambrósio ao Evangelho do Lucas. Nenhum outro Padre latino ou grego jamais a usou, nem antes nem depois”, esclareceu Magister.
O vaticanista acrescentou que São Ambrósio aplicou este termo em relação à simbologia de Raabe, a prostituta de Jericó que “hospedou e salvou em sua própria casa a uns israelitas fugitivos”; e que já antes deste Padre da Igreja, tinha sido vista como “protótipo” da Igreja. “A fórmula ‘fora da Igreja não existe salvação’, nasceu precisamente do símbolo da casa salvadora de Raabe”, explicou Magister.
O Cardeal Biffi, indicou Magister, explicou que a expressão casta meretrix, “longe de aludir a algo pecaminoso e reprovável, quer indicar (…) a santidade da Igreja. Santidade que consiste tanto na adesão sem hesitações e sem incoerências a Cristo seu esposo (‘casta’) como na vontade da Igreja de alcançar a todos para levar a todos à salvação (‘meretrix’)”.
O vaticanista sublinhou que o fato de que “aos olhos do mundo a Igreja possa aparecer ela mesma manchada de pecados e golpeada pelo desprezo público, é uma sorte que remete à de seu fundador Jesus, que também foi considerado um pecador pelas potências terrenas de seu tempo”.
Entretanto, recordou que a Igreja é Santa por seu fundador e por isso pode acolher “os pecadores e sofrer com eles pelos males que padecem e curá-los”“Em dias calamitosos como os atuais, cheios de acusações que querem invadir precisamente a santidade da Igreja, esta é uma verdade que não se deve esquecer”, afirmou.
Para evitar equívocos, sugiro que em nossa linguagem precisemos mais a nossa fé, afirmando que a Igreja é “Santa e composta de pecadores”.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O princípio “Solo Christus” visto por um ex-protestante

No tempo em que nos importa viver, no qual os ventos do ecumenismo tornam a soprar cada vez com mais firmeza, não é nada fácil tentar dizer três ou quatro verdades sobre os nossos “irmãos separados”. Eu, que durante nove anos de minha vida fui protestante, sei como é estar dos dois lados da cerca. É uma experiência inegavelmente peculiar. Apesar de encontrarmos do lado protestante uma grande maioria que julga que o catolicismo romano não é cristão, do lado católico não observamos com abundância aqueles que colocam em dúvida a natureza cristã do protestantismo. Sem querer valorizar demais, posto que não vale a pena, a opinião anti-católica deste grupo de protestantes, creio ser necessário comentarmos alguns pontos chave para que os católicos em geral, ou pelo menos aqueles que mantém um contato maior com protestantes, reconheçam que deveriam ser menos otimistas quanto à existência de um elemento cristão genuíno no cristianismo protestante.
Desde seu surgimento, na reforma, o protestantismo elaborou uma série de lemas que se tornaram verdadeiros dogmas de fé do cristianismo protestante. Analisaremos um desses lemas, e vejamos o que ocorre na prática.
Solo Christus
A princípio nada haveria de me opor a esta doutrina essencial da fé cristã pela qual reconhecemos que a figura e a pessoa de Jesus Cristo é, por si só, o centro de nossa vida e esperança. Indubitavelmente, sem Cristo não há cristianismo. Contudo, acontece que na Bíblia ocorre uma realidade muito clara: uma vez que Jesus Cristo se encarnou e fundou sua Igreja não podemos mais separar a realidade de Cristo com a realidade da Igreja. A Palavra de Deus é clara neste ponto: A Igreja é o Corpo de Cristo (Cl 1,18). Diz mais: A Igreja é a Sua Plenitude (Ef 1,23). Quem persegue a Igreja, persegue o Cristo (At 9,1-6) e, caso a relação não esteja suficientemente nítida, podemos perceber que a relação entre Cristo e a Igreja é um mistério ao qual São Paulo compara ao mistério da união entre o homem e a mulher (Ef 5,31-32).
Portanto, dizemos a verdade se ensinamos que não pode crer em “Solo Christus” aquele que aceita o Cristo, mas rejeita a Igreja, indissoluvelmente unida a Ele por toda a eternidade. Por isso o Símbolo Niceno-Constantinopolitano afirma em um de seus pontos: “Creio na Santa Igreja Católica e apostólica”. Ou seja, desde a antiguidade era demonstrado que a fé ou crença na Igreja era parte da fé cristã. E se o Cristo em pessoa afirmou, sobre o matrimônio, que “o que Deus uniu o homem não separe”, mais ainda devemos crer que a união de Cristo com a Igreja está selada eternamente por vontade divina.
Se isto está claro, cabe aqui uma pergunta: atacar a unidade da Igreja não é exatamente o mesmo que atacar o Cristo? É cristão, portanto, dividir o corpo de Cristo em milhares de fragmentos? Ou, pelo contrário, a divisão da unidade do corpo de Cristo não é a arma mais poderosa que satanás poderia se servir durante a história da Igreja?
Quando era protestante, eu via como secundário este assunto de unidade da Igreja e, acima de tudo, sacrificável ao “deus” da pureza doutrinária. Ou seja, a verdadeira doutrina expressa “somente na Bíblia” está um tesouro de muito mais valor que a unidade visível da Igreja de Cristo. Porém não era somente isso. Assim como a imensa maioria dos protestantes, eu tinha um conceito sobre a Igreja que não se acha em lugar nenhum da Bíblia, a não ser através de interpretações torcidas e contorcidas. É o que eu chamo de conceito “docetista” da Igreja, onde se tira a noção de que possa haver uma Igreja visível, organizada e hierarquizada, para se aceitar uma Igreja desorganizada, invisível, pseudo-etérea, sem unidade orgânica real.
Sem muita demora, vejamos o que diz a Bíblia sobre a Igreja:
1 – Cristo deixou muito claro que a unidade dos cristãos deveria ser semelhante à sua unidade com o Pai e que por essa unidade o mundo deveria crer.
2 – A Igreja teria uma hierarquia muito bem definida: apóstolos, entre eles Pedro, o primeiro, e logo os bispos e anciãos (presbíteros).
3 – A Igreja adotaria um sistema de análise chamado Conciliar, tal e como se vê em Atos 15, com o particular fato de que Pedro iniciou os debates sobre os temas em pauta naquele concílio. Além disso, as disposições do Concílio eram de aceitação obrigatória por toda a Igreja.
4 – Os apóstolos eram intolerantes com aqueles que causavam divisões. Encabeçados por Paulo, que teve que se depara com os “denominacionalismos” de Corinto (1Cor 1,10-13). Também ele deu a Tito uma ordem bem clara sobre o que ele deveria fazer com aqueles que causassem divisões. Deveria admoestá-los primeiro e depois expulsá-los da Igreja, porque haviam-se pervertido (Tt 3,10-11). Judas (Jd 19) coloca que os que causam divisão não possuem o Espírito. E, digamos alto e claro, o apóstolo João mostra em 1Jo 2,18-19 que os que saem da Igreja são anti-cristos, ainda que alguns queiram interpretar este versículo de uma forma mais suave.
Bem, alguém deve estar se perguntando: “E o que tem a ver isto tudo com o protestantismo e ‘Solo Christus‘?”. Respondo: Tem tudo a ver! E mais: o protestante que entende esta realidade, se é honesto e inteligente, necessariamente tem de deixar de ser protestante, a menos que queira pecar gravemente contra Deus.
É evidente que um sistema religioso que afirma aceitar inteiramente o Cristo e todo o seu ensinamento, mas que leva em sua essência o vírus mortal da divisão do corpo de Cristo, somente pode ser definida como anti-cristo. Anti-cristã. Não há justificativa alguma ao fato de que o protestantismo tem sido absolutamente incapaz de manter uma unidade eclesial interna minimamente respeitável. Quando os protestantes se insurgem em apontar, com seus tratados e comentários bíblicos, os erros doutrinários do catolicismo, não se dão conta que a simples existência de uma miríade de denominações protestantes independentes umas das outras é, nos seus olhos, uma trave de proporções apocalípticas.
Parece forte dizer isso, mas a verdade é que o protestantismo é a negação de Cristo desde o momento em que, na prática, nega a existência de uma só Igreja de Cristo, com uma só fé, com um só batismo e um só credo. E, negando a existência dessa Igreja, que é o corpo de Cristo, está se negando o próprio Cristo, ainda que inconscientemente. Ponto final!
Se o protestantismo tivesse a capacidade de ter se organizado em uma só denominação, poderíamos hoje contemplar a reforma de um prisma totalmente diferente. Porém, a reforma não foi o que pretendia ser, senão o maior levante de aniquilação da Igreja, com a desculpa de uma verdadeira mudança. Aproveitaram da fraqueza da Igreja da época para tentar destruí-la por completo, mas, graças a Deus, foi na fraqueza que a Igreja despertou com força para novos desafios, ainda que lhe custasse muito recuperar o que havia perdido com a corrupção interna e os desajustes doutrinais e externos.
Para finalizar, ainda me caberia verificar muitas das ramificações desse desastre que é o protestantismo para a cristandade, mas me contentarei em assinalar pelo menos algumas poucas incoerências da agressiva dinâmica dialética que os protestantes usam contra a Igreja Católica:
1 – Os protestantes rejeitam a Igreja Católica por não se basear somente na Bíblia. A verdade é que eles, que dizem basear-se somente na Bíblia, não conseguem chegar a um acordo sobre doutrinas como a Eucaristia, sacramentos, organização eclesial, doutrinas da graça e salvação (calvinismo e arminianismo), etc., etc., etc.
2 – Os protestantes atacam a Igreja Católica por valorizar o papel da Tradição, mas eles mesmos são escravos de suas próprias tradições interpretativas da Palavra de Deus. E, ainda por cima, aceitam grande parte da linguagem e do conteúdo doutrinal que a eles chegou através da…Tradição da Igreja (Trindade, Cânon da Bíblia, Filioque, Pecado Original, Domingo como dia do Senhor).
3 – Os protestantes usam a Bíblia como uma arma contra determinadas doutrinas e práticas católicas, porém nada dizem sobre o que essa mesma Bíblia fala sobre divisões na Igreja, tão presente nas suas igrejas.
4 – Os protestantes atacam a Igreja Católica acusando-na de possuir um sistema de governo ditatorial, porém resulta que boa parte das igrejas protestantes exercem uma tirania a nível denominacional que faria você rir da severidade disciplinar do cardeal Ratzinger.
Por fim, para não estender-me demais, terminarei com uma reflexão. Creio que tanto aqueles que nasceram numa família protestantes como aqueles que saíram da Igreja Católica para o protestantismo deveriam voltar com urgência para a Igreja de Cristo. É incompatível ser de Cristo e pertencer a um sistema religioso que está dividindo continuamente o corpo de Cristo, que nega o princípio da eficácia regeneradora que o Espírito Santo possui na sua condução da Igreja. Muitos protestantes nunca tinham sido defrontados com esta realidade que estou escrevendo. Outros tomaram conhecimento, mas resolveram continuar seguindo suas vidas separados da Igreja, e, portanto, apesar de se revoltarem ao ler isto, separados de Cristo.
É nossa missão evangelizá-los e/ou resistir às suas tentativas de levar católicos da Igreja de Cristo. Sem dúvida, muitos católicos precisam de um contato maior com Cristo, porém este encontro não se dá fora do Corpo de Cristo, nas igrejas protestantes, mas um encontro na Igreja do Cristo verdadeiro.
Traduzido para o Veritatis Splendor por Rondinelly Ribeiro Rosa.