domingo, 31 de julho de 2016

Voltando aos trabalhos

Caros irmão em Cristo, salve Maria.

Estou passando para informar a todos que acompanham este humildade blogue católico que em breve retornaremos com novidade.

O silêncio é sempre fonte de sabedoria, por isso, depois de um bom tempo de publicar nada, retornado com novo vigor para a Glória o Senhor, a salvação das almas e a edificação de Igreja.

Grande abraço a todos, Deus nos abençoe e como recomeço, fica a belíssima música do Heber Campos;
Augusta Rainha.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os erros da Hermenêutica da Ruptura

Depois de quase um mês sem novidades, gostaria de presentear nossos queridos leitores com uma sequência de artigos sobre a questão do Concílio Vaticano II e sua, já condenada, hermenêutica de ruptura. Quero dizer que a Igreja já disse que não podemos entender o CVII como uma ruptura total com a Tradição, mas como uma processo de continuidade perene dentro da Igreja, quando diz respeito a se desenvolver. Sem mais delongas, seguem os textos nas próximas semana.

PS: todos eles foram extraídos do Blog Tradição em Foco com Roma, o que não significa que eu concorde com tudo com o que está lá, mas com uma boa parte, rsrsrs. Deus abençoe e boa leitura.


O Apostolado Tradição em Foco com Roma seguirá com um conjunto de estudos que refutará os vários erros que se atribuem ao Concílio Vaticano II. Alguns serão tirados da tradução da versão francesa do jornal SiSiNoNo (publicada a partir do número 247, de julho-agosto de 2002), outros de diversos sites, e alguns nem serão tratados por já estarem plenamente batidos neste blog. O intuito é que após isso possamos fazer um índice com todos os erros elencados refutados para um melhor baseamento do leitor frente os tradôs e sedevacantistas. Já adiantamos que a finalização desse trabalho não será em curto prazo, pois como ensina São Jerônimo refutar o erro sempre é um trabalho mais penoso do que simplesmente anunciá-lo. O leitor que quiser participar desta iniciativa poderá nos enviar sua refutação para nosso email (tradicaoemfococomroma@hotmail.com), e poderá ver aqui publicada sua refutação.
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Supostos erros concernentes a noção de Tradição e verdade católica


CRÍTICA:




“Uma noção errônea da Santa Tradição como conjunto de ensinamentos graças ao qual a Igreja "no curso dos séculos tende sempre para a plenitude da verdade divina (ad plenitudinem divinae veritatis iugiter tendit), até que as palavras de Deus recebam nelas sua consumação" (Dei Verbum 8). Como se a Tradição que guarda o depósito da Fé desde o tempo da pregação dos Apóstolos não possuísse já a plenitude da verdade divina! Como se pudesse haver alguma coisa para aí acrescentar ou alguma coisa para modificar.”



SOLUÇÃO:


A imputação do erro se deu pela má leitura do autor. O que tende a plenitude da verdade divina é a Igreja e não a Tradição. Está escrito: “a Igreja, no decurso dos séculos, tende contìnuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de Deus.” Ora, a Igreja através do Magistério vai pouco a pouco elucidando a nossa fé, expondo os dogmas, e isto faz tendo como fonte a própria Tradição Apostólica.

Isso foi muito bem explicado nas duas frases precedentes: “Esta tradição apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer mercê da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade.” Não é dizer que a Tradição estaria em falta com algo ou que poderia ser acrescentada ou modificada.

Já dizia São Gregório Magno “As palavras divinas crescem com quem as lê.” (Homilia in Ezechielem 1. 7, 8), logo Concílio Vaticano II não trouxe nada de estranho a própria Tradição. O Concílio Vaticano I diz claramente que o Espírito Santo foi prometido aos sucessores de São Pedro para que, com sua assistência, a Igreja expusesse fielmente o Depósito de Fé, ou seja, a revelação herdada dos Apóstolos (cf. CVI, Sessão IV, cap IV, 1836). E como clareia o Novo Catecismo “apesar de a Revelação já estar completa, ainda não está plenamente explicitada.

E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer dos séculos.”. Se não há progresso na percepção das palavras transmitidas, como explicar que um Concílio possa aperfeiçoar um anterior? Pois ensina Santo Agostinho: “ipsa que concilia plenária saepe priora posterioribus emendari cum aliquo experimento rerum aperitur quod latebat” (De Bapt. C. Donat. 2, 3, 4) Só com este mesmo progresso poderia o Concílio de Trento definir uma verdade que o de Viena havia apresentado com a nota de provável (Denz. 483 e 800) É o Espírito Santo que guia e opera na Igreja guiando-a para a verdade inteira (Jo 16, 13).

Mais um erro do autor foi dizer que a Tradição guarda o depósito da Fé, na verdade, a Tradição Apostólica constitui o depósito da fé, quem guarda é a Igreja (cf. CV I, Sessão III, cap. III, 1793 e Humanis Generis 3, 22).



CRÍTICA:



“A incrível afirmação, contrária ao senso comum como a toda tradição, afirmação segundo a qual a Igreja deve ser submetida a uma "reforma permanente" (vocatur a Christo ad hanc perennem reformationem qua ipsa... perpetuo indiget), reforma que deve implicar também "na maneira de enunciar a doutrina, que é preciso distinguir com cuidado do depósito da fé (qui ab ipso deposito fidei sedulo distingui debet) (Unitatis Redintegratio 6; cf. igualmente Gaudium et Spes 62).

Esse princípio já tinha sido proclamado nas versões em língua vulgar da Alocução inaugural de João XXIII de 11 de Outubro de 1962 e mais tarde retomada textualmente por este Papa. Mas isso já fora condenado por São Pio X (Pascendi, 1907 §11, c; Lamentabili, 1907, 63 e 64, DZ 2064-5 / 3464-5) e por Pio XII (Humani Generis 1950, AAS 1950 565-566).”



SOLUÇÃO:


Totalmente falso! A Pascendi, Lamentabili e a Humani Generis de Pio XII condenam a evolução intrínseca do dogma, doutrina herética do modernismo. As duas primeiras encíclicas condenam as opiniões sustentadas por Loisy e Leroy, e a última não faz mais do que reforçar as condenações. Não faz sentido citá-las se a esses autores se desconhece. É na própria Gaudium et Spes, no mesmo número, que lemos: “uma coisa é o depósito da fé ou as suas verdades, outra o modo como elas se enunciam, sempre, porém, com o mesmo sentido e significado”.

O Papa João XXIII diz o mesmo no discurso de 11 de Outubro de 1962. Ora, nesses ditos vemos claramente a defesa da imutabilidade substancial do dogma, de modo que o que foi defendido não se assemelha em nada ao que os modernistas diziam. Não há, portanto, mudança substancial do dogma, muito menos progresso em absoluto, mas apenas um progresso acidental e relativo, consistindo no fato de a Igreja conhecer de modo sempre mais profundo e mais preciso as verdades do “depositum fidei”, explica-as de modo sempre mais claro e as propõe com fórmulas cada vez mais perfeitas.

Os termos trazidos por Tertuliano, por exemplo, persona, trinitas e substantia, continuam vivos na teologia. Santo Agostinho traz novos: “verbum, elementum, sacramentum et res, character”. O que dizer, então, da Escolástica, que enriqueceram muito a terminologia teológica. Vocábulos satisfactio (S. Anselmo), transubstantiatio, infallibilitas. Sem esquecermos do clássico testemunho de S. Vicente de Léris na obra Commonitorium sobre o desenvolvimento extrínseco dogmático, ao qual alude o Concílio Vaticano I.

O mesmo já havia sido dito por Tertuliano: “Manente forma ejus (regula veritatis) in suo ordine quantumlibet quaeres et tractes et omnem libidinem curiositatis effundas” (De praescr. 14; cfr. 12). Não soam de outra forma as palavras de Orígenes dizendo: os Apóstolos “manifestissime tradiderunt”, o que é necessário para a salvação; no mais somente disseram “quia sint” e não “quomodo sint”, pelo que os amantes da sabedoria devem explicá-los. Hugo de S. Vítor: “Crevit itaque per tempora fides in omnibus ut maior esset, sed mutata non est, ut alia esset” (De Sacr. 1, 10, 6). Santo Tomás: “Sic igitur dicendum est quod, quantum ad substantiam articulorum fidei, non est factum eorum augmentum per temporum successionem, quia quaecumque posteriores crediderunt continebantur in fide praecedentium patrum, licet implicite.” (S. th. II-II, 1,7).

Traduzindo: 
Deste modo temos que concluir que, enquanto a substância dos artigos da fé, no transcurso dos tempos não se deu aumento dos mesmos: tudo quanto creram os últimos estava incluído, embora de maneira implícita, na fé dos Padres que lhes haviam precedido. Mas enquanto a explicitação dos mesmos, cresceu o número dos artigos, já que os últimos Padres conheceram de maneira explícita coisas desconhecidas para os primeiros.

E para finalizar com o Papa Leão XIII: “Porque naquelas passagens da Sagrada Escritura que, todavia esperam uma explicação certa e bem definida, pode acontecer, por benévolo designo da providência de Deus, que com este estudo preparatório chegue a amadurecer o julgamento da Igreja.” (Fieri potest... ut quase praeparato Studio judicium Ecclesiae maturetur”) (Enc. Providentissimus)



CRÍTICA:


A proposição: "a verdade só se impõe pela força da própria verdade (nisi vi ipsius veritatis) que penetra o espírito com tanta doçura quanto poder" (Dignitatis Humanae 1), professado pelo concílio para justificar a liberdade religiosa, é totalmente falsa no que concerne às verdades do Catolicismo, já que estas, enquanto verdades divinitus reveladas, ultrapassam a medida de nossa inteligência, não podem ser cridas sem a ajuda da Graça (e é por isso que sempre se ensinou que a fé é um dom de Deus).

Além disso, essa afirmação nega de fato as conseqüências do pecado original sobre a inteligência e a vontade, feridas e enfraquecidas por ele e por isso inclinados ao erro.



SOLUÇÃO:


A força da própria verdade na sua imposição pode vir através do auxílio da Graça, de forma que a acusação se mostra infundada. Como nos ensina o Concílio Vaticano I a razão criada “está inteiramente sujeita à Verdade incriada”, logo “somos obrigados a prestar, pela fé, à revelação de Deus, plena adesão do intelecto e da vontade.” (cap. III, 1789). Pelo próprio contexto do documento citado vemos que o Concílio falava também da theologia fidei.

Os deveres que atingem e obrigam a consciência humana diz respeito a Deus e à sua Igreja, como o próprio documento diz pouco antes. Além disso, a frase não negou que somos inclinados ao erro por causa do pecado original, apenas nega que “a razão humana é de tal modo independente, que Deus não possa impor-lhe a fé” (tese condenada no CVI, Sessão III, IV, 1810. Cân. 1).

(continua)

domingo, 9 de setembro de 2012

O Nascimento da Nova Eva


Alegra-te, Adão, nosso pai, e sobretudo tu, Eva, nossa mãe. Fostes ao mesmo tempo os nossos pais e os nossos assassinos; vós que nos destinastes à morte ainda antes de nos terdes dado à luz, consolai-vos agora. Uma das vossas filhas – e que filha! – vos consolará… Vem então, Eva, corre para junto de Maria. Que a mãe recorra à sua filha; a filha responderá pela mãe e apagará a sua falta… Porque a raça humana será agora elevada por uma mulher.
Que dizia Adão outrora? “A mulher que me deste ofereceu-me o fruto da árvore e eu comi.” (Gn 3,12) Eram palavras más, que agravavam a sua falta em vez de a apagarem. Mas a divina Sabedoria triunfou sobre tanta malícia; aquela ocasião de perdoar que Deus tinha tentado em vão fazer nascer, ao interrogar Adão, eis que agora a encontra no tesouro da sua inesgotável bondade. A primeira mulher é substituída por outra, uma mulher sábia no lugar da insensata, uma mulher humilde tanto quanto a outra era orgulhosa.
Em vez do fruto da árvore da morte, ela apresenta aos homens o pão da vida; substitui aquele alimento amargo e envenenado pela doçura dum alimento eterno. Muda então, Adão, a tua acusação injusta em expressão de agradecimento e diz: “Senhor, a mulher que tu me deste apresentou-me o fruto da árvore da vida. Comi dele e o seu sabor foi para mim mais delicioso do que o mel (Sl 18,11), porque por este fruto me devolveste a vida.” Eis porque é que o anjo foi enviado a uma virgem. Ó Virgem admirável, digna de todas as honras! Ó mulher que temos de venerar infinitamente entre todas as mulheres, tu reparas a falta dos nossos primeiros pais, tu dás vida a toda a sua descendência.
Trecho retirado da obra de S. Bernardo (1091-1153), Louvores da Virgem Maria - homilia 2.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A Assunção Gloriosa de Nossa Senhora - Lepanto


Texto de apologética provando a assunção de Nossa Senhora aos céus, de corpo e alma.
A Assunção de Nossa Senhora foi transmitida pela tradição escrita e oral da Igreja. Ela não se encontra explicitamente na Sagrada Escritura, mas está implícita.
Os protestantes acreditam que a Mãe de Deus, apesar de ter sido oTabernáculo vivo da divindade, devia conhecer a podridão do túmulo, a voracidade dos vermos, o esquecimento da morte, o aniquilamento de sua pessoa.
Vamos analisar o fato histórico, segundo é contato pelos primeiros cristãos e transmitido pelos séculos de forma inconteste.
Na ocasião de Pentecostes, Maria Santíssima tinha mais ou menos 47 anos de idade. Depois desse fato, permaneceu Ela ainda 25 anos na terra, para educar e formar, por assim dizer, a Igreja nascente, como outrora ela educara, protegera, e dirigira a infância do Filho de Deus.
Ela terminou sua “carreira mortal” na idade de 72 anos, conforme a opinião mais comum.
A morte de Nossa Senhor foi suave, chamada de “dormição”.
Quis Nosso Senhor dar esta suprema consolação à sua Mãe Santíssima e aos seus apóstolos e discípulos que assistiram a “dormição” de Nossa Senhora, entre os quais se sobressai S. Dionísio Aeropagita, discípulo de s. Paulo e primeiro Bispo de Paris, o qual nos conservou a narração desse fato.
Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria.
S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida, como a chamavam, vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens e que logo se multiplicaram os milagres em redor da relíquia sagrada de seu corpo.
Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que a Providência divina parecia ter afastado, para melhor manifestar a glória de Nossa Senhora, como dele já se servira para manifestar o fato da ressurreição de Nosso Senhor.
S. Tomé pediu para ver o corpo de Nossa Senhora.
Quando retiraram a pedra, o corpo já não mais se encontrava.
Do túmulo se exalava um perfume de suavidade celestial!
Como o seu Filho e pela virtude de seu Filho, a Virgem Santa ressuscitara ao terceiro dia. Os anjos retiraram o seu corpo imaculado e o transportaram ao céu, onde ele goza de uma glória inefável.
Nada é mais autêntico do que estas antigas tradições da Igreja sobre o mistério da Assunção da Mãe de Deus, encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja, dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451.
Como Nossa Senhora era isenta do ‘pecado original’, ela estava imune à sentença de morte (conseqüência da expulsão do paraíso terrestre). Todavia, por não ter acesso à “árvore da vida” (que ficava no paraíso terrestre), Maria Santíssima teria que passar por uma “morte suave” ou uma “dormição”.
Por um privilégio especial de Deus, acredita-se que Nossa Senhora não precisaria morrer se assim o desejasse, ainda que não tivesse acesso à “árvore da vida”.
Tudo isso, é claro, ainda poderá ser melhor explicado com o tempo, quando a Igreja for explicitando certos mistérios relativos à Santíssima Virgem Maria que até hoje permanecem.
Muito pouco ainda descobrimos sobre a grandeza de Nossa Senhora, como bem disse S. Luiz Maria G. de Montfort em seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem“.
É certo que Nossa Senhora escolheu passar pela morte, mesmo não tendo necessidade.
Quais foram, então, as razões da escolha da morte por Nossa Senhora?
Pode-se levantar várias hipóteses. O Pe. Júlio Maria (da década de 40) assinala quatro:
1) Para refutar, de antemão, a heresia dos que mais tarde pretenderiam que Maria Santíssima não tivesse sido uma simples criatura como nós, mas pertencesse à natureza angélica.
2) Para em tudo se assemelhar ao seu divino Filho.
3) Para não perder os merecimentos de aceitação resignada da morte.
4) Para nos servir de modelo e ensinar a bem morrer.
Podemos, pois, resumir esta doutrina dizendo que Deus criou o homem mortal. Deus deu a Maria Santíssima não o direito (por não ter acesso à “Árvore da vida”), mas o privilégio, de ser imortal. Ela preferiu ser semelhante ao seu Filho, escolhendo voluntariamente a morte, e não a padecendo como castigo do pecado original que nunca tivera.
Analisemos, agora, a Ressurreição de Maria Santíssima.
Os Apóstolos, ao abrirem o túmulo da Mãe de Deus para satisfazer a piedade de São Tomé e ao desejo deles todos, não encontrando mais ali o corpo de Nossa Senhora, deduziram e perceberam que Ela havia ressuscitado!
Não era preciso ver à ressurreição para crer no fato, era uma dedução lógica decorrente das circunstâncias celestiais de sua morte, de sua santidade, da dignidade de Mãe de Deus, da sua Imaculada Conceição, da sua união com o Redentor, tudo isso constituía uma prova irrefutável da Assunção de Nossa Senhora.
A Assunção difere da ascensão de Nosso Senhor no fato de que, no segundo caso, Nosso Senhor subiu por seu próprio poder, enquanto sua Mãe foi assunta ao Céu pelo poder de Deus.
Ora, há vários argumentos racionais em favor da Assunção de Nossa Senhora. Primeiramente, havendo entrado de modo sobrenatural nesta vida, seria normal que saísse de forma sobrenatural, esse é um princípio de harmonia nos atos de Deus. Se Deus a quis privilegiar com a Imaculada Conceição, tanto mais normal seria completar o ato na morte gloriosa.
Depois, a morte, como diz o ditado latino: “Talis vita, finis ita“, é um eco da vida. Se Deus guardou vários santos da podridão do túmulo, tornando os seus corpos incorruptos, muito mais deveria ter feito pelo corpo que o guardou durante nove meses, pela pele que o revestiu em sua natureza humana, etc.
Nosso Senhor tomou a humanidade do corpo de sua Mãe. Sua carne era a carne de sua Mãe, seu sangue era o sangue de sua Mãe, etc. Como permitir que sua carne, presente na carne de sua santíssima Mãe, fosse corrompida pelos vermes e tragada pela terra? Ele que nasceu das entranhas amorosíssimas de Maria Santíssima permitiria que essas mesmas entranhas sofressem a podridão do túmulo e o esquecimento da morte? Seria tentar contra o amor filial mais perfeito que a terra já conheceu. Seria romper com o quarto mandamento da Lei de Deus, que estabelece “Honrar Pai e Mãe“.
Qual filho, podendo, não preservaria sua Mãe da morte?
A dignidade de Filho de Deus feito homem exigia que não deixasse no túmulo Aquela de quem recebera o seu Corpo sagrado. Nosso Senhor Jesus Cristo, por assim dizer, preservando o corpo de Maria Santíssima, preservava a sua própria carne.
Ainda podemos levantar o argumento da relação imediata da paixão do Filho de Deus e da compaixão da Mãe de Deus, promulgada, de modo enérgico, no Evangelho, pela profecia de S. Simeão falando à própria Mãe: “Eis que este menino está posto para a ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada transpassará a tua alma” (Luc. 2, 34, 45).
Esta tradução em vernáculo (português, no caso) é larga. O texto latino (em latim) tem uma variante que parece ir além do texto em português. “Et tuam ipsius animam pertransibit glaudius” – o que quer dizer literalmente: o mesmo gládio transpassará a alma dele e a vossa.
Como seria possível que o Filho, tendo sido unido à sua Mãe em toda a sua vida, na sua infância e na sua dor, não se unisse à Ela na sua glória?
Tudo isso se levanta dos Evangelhos.
A Assunção de Maria Santíssima foi sempre ensinada em todas as escolas de teologia e não há voz discordante entre os Doutores. A Assunção é como uma conseqüência da encarnação do Verbo.
Se a Virgem Imaculada recebeu outrora o Salvador Jesus Cristo, é justo que o Salvador, por sua vez, a receba. Não tendo Nosso Senhor desdenhado descer ao seu seio puríssimo, deve elevá-la agora, para partilhar com Ela a sua glória.
Cristo recebeu sua vida terrena das mãos de Maria Santíssima. Natural é que Ela receba a Vida Eterna das mãos de seu divino Filho.
Além de conservar a harmonia em sua própria obra, Deus devia continuar favorecendo a Virgem Imaculada, como Ele o fez, desde a predestinação até a hora de sua morte.
Ora, podendo preservar da corrupção do túmulo a sua santa Mãe, tendo poder para fazê-la ressuscitar e para levá-la ao céu em corpo e alma, Deus devia fazê-lo, pois Ele devia coroar na glória aquela que já coroara na terra… Dessa forma, a Santíssima Mãe de Deus continuava a ser, na glória eterna, o que já fora na terra: “a mãe de Deus e a mãe dos homens“.
Tal se nos mostra Maria na glória celestial, como cantava o Rei de sua Mãe, assim canta Deus de Nossa Senhora: “Sentada à direita de seu Filho querido” (3 Reis, 2, 19), “revestida do sol” (Apoc. 12, 1), cercada de glória “como a glória do Filho único de Deus” (Jo. 1, 14), pois é a mesma glória que envolve o Filho e a Mãe! Ele nos aparece tão belo! E ela como se nos apresenta suave e terna em seu sorriso de Mãe, estendendo-nos os braços, num convite amoroso, para que vamos a Ela e possamos um dia partilhar de sua bem-aventurança!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Canto das Írias - Comunidade Shalom

Peço desculpas pela demora em atualizar o blog, o tempo limitado não me tem permitido postar novidades com frequência. Contudo. segue abaixo um sequencia de vídeo simplesmente maravilhosa chamado o Canto das Írias. Essa foi uma peça encenada pela Comunidade Shalom (da qual sou fã) contando um pouco da história de cada um de nós: a saída de Deus e o retorno para Ele. Confesso que assistir à essa peça sempre me emociono, pois é simplesmente fantástica. Acho que já coloquei ela aqui, porém, é sempre bom rever esse tipo de coisa que nos faz repensar a realidade humana. Aproveitem e que Deus nos abençoe!!!!!!!!!!!!!!!










sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dom Henrique Soares: A liturgia é culto prestado a Deus!

Por Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracaju,
     A liturgia é para nosso alimento, alento e transformação espiritual: ela nos cristifica, isto é, é obra do próprio Cristo que, na potência do Espírito, nos dá sua própria vida, aquela que Ele possui em plenitude na Sua humanidade glorificada no céu. Participar da liturgia é participar das coisas do céu, é entrar em comunhão com a própria vida plena e glorificada do Cristo nosso Senhor. 
     A liturgia não é feita produzida por nós, não é obra nossa! Ela é instituição do próprio Senhor. Para se ter uma ideia, basta pensar em Moisés, que vai ao faraó e lhe diz: “Assim fala o Senhor: deixa o meu povo partir para fazer-me uma liturgia no deserto”. E, mais adiante, explica ao faraó que somente lá, no deserto, o Senhor dirá precisamente que tipo de culto e que coisas o povo lhe oferte. 
     Isto tem a ação litúrgica de específico e encantador: não entramos nela para fazer do nosso modo, mas do modo de Deus; não entramos nela para nos satisfazer, mas para satisfazer a vontade de Deus. Por isso digo tantas vezes que o espaço litúrgico não é primeiramente antropológico, mas teológico: a liturgia é espaço privilegiado para a manifestação e atuação salvífica de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Nela, a obra salvífica de Cristo é perenemente continuada na Igreja. 
     O problema é que entrou em certos ambientes da Igreja uma concepção errada de liturgia, totalmente alheia ao sentido da genuína tradição cristã: a liturgia como algo que nós fazemos, do nosso modo, a nosso gosto, para exprimir nossos próprios sentimentos. Numa concepção dessas, o homem, com seus sentimentos, gostos e iniciativas, é o centro e Deus fica de lado! Trata-se, então, de uma simples busca de nós mesmos, produzida por nós mesmos; uma ilusão, pois aí só encontramos a nós e os sentimentos que provocamos. É o triste curto-circuito: faz-se tudo aquilo (coreografias, palmas, trejeitos, barulho, baterias infernais, sorrisinhos do celebrante, comentários e cânticos intimistas, invenções impertinentes e despropositadas...) para que as pessoas sintam, liguem-se, “participem”... Mas, tudo isto somente liga a assembleia a si mesma. Não passa de uma exaltação subjetiva e sentimental! Aí não se abre de fato para o Silêncio de Deus, para Aquele que vem nos surpreender com sua glória e sua ação silenciosa, profunda, consistente e transformadora. A assembleia já não celebra com a Igreja de todos os tempos e de todos os lugares; muito menos com a Igreja celeste! 
     O sentido da liturgia é um outro: é um culto prestado a Deus porque ele é Deus! O interesse é Deus! A liturgia é algo devido a Deus e instituído pelo próprio Deus. Quando alguém participa de uma liturgia celebrada como a Igreja determina e sempre celebrou, se reorienta, se reencontra, toma consciência de sua própria verdade: sou pequeno, dependente de Deus e profundamente amado por ele: nele está minha vida, meu destino, minha verdade, minha paz. Nada é mais libertador que isso. 
     Vê-se a diferença entre essas duas atitudes ante a realidade litúrgica: na visão que se está difundindo, criamos uma sensação, uma ilusão. É algo parecido com a sensação de bem-estar que se pode sentir diante de uma paisagem bonita, num bloco de carnaval, num show, num momento sublime, numa noite com a pessoa amada... Na perspectiva que a Igreja sempre teve e ensinou, não! Estamos diante da Verdade que é Deus; verdade que não produzimos nem inventamos, mas vem a nós e enche o nosso coração! Devemos procurá-la? Certamente sim: "Fizeste-nos para ti, Senhor, e nosso coração andará inquieto enquanto não descansar em ti!" Mas para isto é indispensável a capacidade de silêncio, de escuta, de abrir os olhos do coração para a beleza de Deus. A liturgia nos dá isto!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Nada absolutamente prefiram a Cristo - da regra de São Bento

     Não tive muito tempo hoje para escrever sobre São Bento, porém se olharem ao redor desde blog verão que ele tem por padroeiro esse santo tão importante para a Igreja.
     Pai do monaquismo ocidental, ele nasceu por volta de 480, irmão gêmeo de São Escolástica, dedicou a "oração e ao trabalho" seu lema de vida e de experiencia cristã. Viveu até 547, dedicando-se inteiramente a ao serviço do povo de Deus e à Igreja fundando mosteiros por toda a Europa e levando consigo vários discípulos rumo ao céu.


São Bento, rogai por nós.


Da Regra de São Bento, abade

(Prologus, 4-22;cap.72,1-12:CSEL75,2-5.162-163)
(Séc.VI)

Nada absolutamente prefiram a Cristo
     Antes de tudo, quando quiseres realizar algo de bom, pede a Deus com oração muito insistente que seja plenamente realizado por ele. Pois já tendo se dignado contar-nos entre o número de seus filhos, que ele nunca venha a entristecer-se por causa de nossas más ações. Assim, devemos em todo tempo pôr a seu serviço os bens que nos concedeu, para não acontecer que, como pai irado, venha a deserdar seus filhos; ou também, qual Senhor temível, irritado com os nossos pecados nos entregue ao castigo eterno, como péssimos servos que o não quiseram seguir para a glória.

     Levantemo-nos, enfim, pois a Escritura nos desperta dizendo: Já é hora de levantarmos do sono (cf. Rm 13,11). Com os olhos abertos para a luz deífica e os ouvidos atentos, ouçamos a exortação que a voz divina nos dirige todos os dias: Oxalá, ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações (Sl 94,8); e ainda: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2,7). 
     E o que diz ele? Meus filhos, vinde agora e escutai-me: vou ensinar-vos o temor do Senhor (Sl 33,12). Correi, enquanto tendes a luz da vida, para que as trevas não vos
alcancem (cf. Jo 12,35). 
     Procurando o Senhor o seu operário na multidão do povo ao qual dirige estas palavras, diz ainda: Qual o homem que não ama sua vida, procurando ser feliz todos os dias? (Sl 33,13). E se tu, ao ouvires este convite, responderes: Eu, dir-te-á Deus: Se queres possuir a verdadeira e perpétua vida, afasta a tua língua da maldade, e teus lábios, de palavras mentirosas. Evita o mal e faze o bem, procura a paz e vai com ela em seu caminho (Sl 33,14-15). E quando fizeres isto, então meus olhos estarão sobre ti e meus ouvidos atentos às tuas preces; e antes mesmo que me invoques, eu te direi: Eis-me aqui (Is 58,9). Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor que nos convida? Vede como o Senhor, na sua bondade, nos mostra o caminho da vida! 
     Cingidos, pois, os nossos rins com a fé e a prática das boas ações, guiados pelo evangelho, trilhemos os seus caminhos, a fim de merecermos ver aquele que nos chama
a seu reino (cf. 1Ts 2,12). Se queremos habitar na tenda real do acampamento desse reino, é preciso correr pelo caminho das boas ações; de outra forma, nunca chegaremos lá. 
     Assim como há um zelo mau de amargura, que afasta de Deus e conduz ao inferno, assim também há um zelo bom, que separa dos vícios e conduz a Deus. É este zelo que
os monges devem pôr em prática com amor ferventíssimo, isto é, antecipem-se uns aos outros em atenções recíprocas (cf. Rm 12,10). Tolerem pacientissimamente as suas fraquezas, físicas ou morais; rivalizem em prestar mútua obediência; ninguém procure o que julga útil para si, mas sobretudo o que o é para o outro; ponham em ação
castamente a caridade fraterna; temam a Deus com amor; amem o seu abade com sincera e humilde caridade; nada absolutamente prefiram a Cristo; e que ele nos conduza todos juntos para a vida eterna.

terça-feira, 3 de julho de 2012

"Creste porque me viste" sobre São Tomé.


Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa.

(Hom. 25,7-9:PL76,1201-1202)
(Séc.VI)

Meu Senhor e meu Deus !

     Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio (Jo 20,24). Era o único discípulo que estava ausente. Ao voltar, ouviu o que acontecera, mas negou-se a acreditar. Veio de novo o Senhor, e mostrou seu lado ao discípulo incrédulo para que o pudesse apalpar; mostrou-lhe as mãos e, mostrando-lhe também a cicatriz de suas chagas, curou a chaga daquela falta de fé. Que pensais, irmãos caríssimos, de tudo isto? Pensais ter acontecido por acaso que aquele discípulo estivesse ausente naquela ocasião, que, ao voltar, ouvisse contar, que, ao ouvir, duvidasse, que, ao duvidar, apalpasse, e que, ao apalpar, acreditasse?  
     Nada disso aconteceu por acaso, mas por disposição da providência divina. A clemência do alto agiu de modo admirável a fim de que, ao apalpar as chagas do corpo de seu mestre, aquele discípulo que duvidara curasse as chagas da nossa falta de fé. A incredulidade de Tomé foi mais proveitosa para a nossa fé do que a fé dos discípulos
que acreditaram logo. Pois, enquanto ele é reconduzido à fé porque pôde apalpar, o nosso espírito, pondo de lado toda dúvida, confirma-se na fé. Deste modo, o discípulo que duvidou e apalpou tornou-se testemunha da verdade da ressurreição. 
     Tomé apalpou e exclamou: Meu Senhor e meu Deus! Jesus lhe disse: Acreditaste, porque me viste? (Jo 20,28-29). Ora, como diz o apóstolo Paulo: A fé é um modo de já
possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se vêem (Hb 11,1). Logo, está claro que a fé é a prova daquelas realidades que não podem ser vistas. De fato, as coisas que podemos ver não são objeto de fé, e sim de conhecimento direto. Então, se Tomé viu e apalpou, por qual razão o Senhor lhe disse: Acreditaste, porque me viste? É que ele viu uma coisa e acreditou noutra. A divindade não podia ser vista por um mortal. Ele viu a humanidade de Jesus e proclamou a fé na sua divindade, exclamando: Meu Senhor e meu Deus! Por conseguinte, tendo visto, acreditou. Vendo um verdadeiro homem, proclamou que ele era Deus, a quem não podia ver. 
     Alegra-nos imensamente o que vem a seguir: Bem-aventurados os que creram sem ter visto (Jo 20,29). Não resta dúvida de que esta frase se refere especialmente a nós. Pois não vimos o Senhor em sua humanidade, mas o possuímos em nosso espírito. É a nós que ela se refere, desde que as obras acompanhem nossa fé. Com efeito, quem crê verdadeiramente, realiza por suas ações a fé que professa. Mas, pelo contrário, a respeito daqueles que têm fé apenas de boca, eis o que diz São Paulo: Fazem profissão de conhecer a Deus, mas negam-no com a sua prática (Tt 1,16). É o que leva também São Tiago a afirmar:A fé, sem obras, é morta (Tg 2,26).


terça-feira, 26 de junho de 2012

A teoria evolucionista convém com a fé cristã - Dúvida do leitor


Religião: Católica Apostólica Romana
Estado: ES – Espírito Santo
Nome: B. S. B.
Corpo da mensagem:
Boa noite, paz e bem!
Sou Católico praticante. Mas tenho uma duvida a cerca de uma citação do Papa João Paulo II, ele diz: ”A teoria evolucionista convém com a fé cristã.”. Vocês teriam como me dar alguma explicação acerca disso, pois não encontrei nada em sites católicos sobre isso. E outra duvida, no Vaticano há no centro da Praça de São Pedre um obelisco (acho que é esse o nome) e pelo q pesquisei é um simbolo egípcio de invocação de demônios, queria entender o real motivo deste simbolo na praça. E também de vários outros que encontramos em nossa Santa Igreja.
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RESPOSTA
Uma das maiores objeções contra a Igreja Católica é a crença de que ela, no decorrer de sua história, tenha  feito oposição e até mesmo obstruído os avanços científicos conquistados pelo homem.  A retórica comum é de que  fé opõe a razão e portanto,  a Igreja Católica seja  adversa à razão, de modo a perpetuar sua própria existência. Esta afirmação, felizmente, não corresponde a verdade; e para aqueles que conhecem a história da Igreja, é fácil comprovar que ela, em sua sabedoria,  declara que fé e razão não se opõe, mas se complementam. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes afirma:
“Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramante científica e segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se no mesmo Deus. Mais ainda: Aquele que tenta perscurtar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são.” (Gaudium et Spes, 36)
A Ciência e a Bíblia
A Bíblia é a Revelação dos Planos de Deus ao homem. É por meio dela que o Senhor revelou Seus desígnos para a humaninade. Ela é o Relato da História da Salvação que teve início no Livro do Gênesis e progrediu até o Evangelho com o Nascimento, Morte e Ressurreição de Cristo, Nosso Salvador. Portanto, é um erro encará-la como um mero livro de história escrito por homens, ou ainda como o relato da história natural do universo. Ela é, na verdade, a História da Salvação do homem, escrita por homens, sob inspiração Divina pelo poder do Epsírito Santo.
Quando meditamos sobre os eventos relatados em Gênesis, por exemplo, havemos de considerar que a mensagem principal revelada por Deus naquele livro e não é um relato literal de como o Universo e a vida foram criados. Através  do Gênesis, Deus falou-nos em linguagem humana, de uma forma que o homem pudesse compreender aquilo que Ele desejava comunicar, ou seja, que Ele é o criador do Universo e tudo nele contido. Ele é o Senhor de todas as coisas, o único Deus Verdadeiro.
Portanto, vamos à afirmação do Bem-Aventurado João Paulo II feita em 1994 à Pontifícia Academia de Ciência:  “A teoria evolucionista convém com a fé cristã”
A Igreja proclama que a Revelação Divina foi encerrada no Verbo encarnado; Jesus Cristo. Mas ela afirma também que o entendimento dessa Revelação tem sido desvendado à Igreja pelo Espirito Santo, seu Guia, através dos Séculos. Assim, por 100 anos – desde a fomentação da teoria evolucionista por Charles Darwin – a Igreja Católica não formulou uma posição oficial ou dogmática sobre a teoria da evolução. Contudo,  ao contrário da crença comum, ela jamais negou que tal teoria merecesse crédito científico. Talvez por esse motivo o livro de Charles Darwin, Origem das Espécies  jamais foi incluído no  Index Librorum Prohibitorum, ou  Índice de Livros Proibidos da Igreja.  No documento Humani Generis,  O Papa Pio XII concedeu liberdade academica ao estudo das implicações científicas relacionadas com a teoria da evolução, desde que nenhum dogma Católico fosse violado em consequência disso.  Obviamente,  essa postura reflete uma cautela peculiar à Igreja, visto que seus pronunciamentos dogmáticos devem ser infalíveis.
Dentro desse mesmo espírito, o então Papa João Paulo II declarou à Pontíficia Academia de Ciência sobre o documento Humani Generis:
Hoje, mais de meio século depois do aparecimento dessa encíclica, algumas novas descobertas nos levam em direção ao reconhecimento da evolução como mais do que uma hipótese. Na verdade, é notável que esta teoria tem tido uma influência cada vez maior sobre o espírito de pesquisadores, seguindo uma série de descobertas em diferentes disciplinas acadêmicas. A convergência nos resultados destes estudos independente, que foi planeado nem procurou constitui em si um argumento significativo a favor da teoria “.
No mesmo pronunciamento, João Paulo II rejeitou qualquer teoria da evolução que fornece uma explicação materialista para a alma humana:
“As teorias da evolução que, por causa das filosofias que as inspiram, consideram o espírito ou como emergente das forças da matéria viva, ou como um epifenômeno simples dessa1a matéria, são incompatíveis com a verdade sobre o homem.”
Ai constatamos novamente a fidelidade da Igreja aos ensinamentos contidos nas Sagradas Escrituras, pois a Bíblia nos ensina que Deus é o  criador do Universo e de toda vida nele contida. Assim, é correto afirmar que a vida humana não é o resultado de uma seleção aleatória, ou uma consequência acidental da evolução, mas a expressão concreta do desejo de Deus para a existência do homem.
Em seu comentário sobre o Gênesis intitulado “No princípio”, o Papa Bento XVI,  então Cardeal Joseph Ratzinger,   falou da “unidade interior da criação e da evolução e da fé e da razão” e que estes dois domínios do conhecimento são complementares, não contraditórios:
Não podemos dizer: criação ou evolução, na medida em que essas duas coisas respondem a duas realidades diferentes. A história do pó da terra e do alento de Deus, que acabamos de ouvir, de fato não  explicam como os seres humanas vieram a existir, mas sim o que são. Ele explica sua origem mais profunda e lança luz sobre o projeto que eles são. E vice-versa. A teoria da evolução tenta entender e descrever a evolução biológica. Mas ao fazê-lo ela não pode explicar de onde o “projeto” de seres humanos vem, nem a sua origem interna, nem a sua natureza particular. Nessa medida, somos confrontados aqui com duas complementares, ao invés de excludentes de realidades. (Cardeal Ratzinger, “No princípio: uma compreensão católica da História da Criação e da Queda” (Eerdmans, 1995), p. 50.)
Mais recentemente,  o Papa Bento XVI em sua homilia na Vigília pascal de 2011 declarou que era errado pensar que em algum momento “em algum canto minúsculo ponto do cosmos” evoluíram aleatoriamente algumas espécies de seres vivos capazes de raciocinar e de tentarem encontrar a racionalidade dentro da criação, ou para trazer racionalidade para a ela.”
Portanto, é correto afirmar que aIgreja Católica hoje rejeita tanto a teoria do Criacionismo – que acredita na intepretação literal do que está relatado em Gênesis – quanto o chamado Desenho Inteligente –  que ensina que a evolução da vida humana, assim como outras caracteristicas do universo, se  devam ao fator inteligência, e não por conta de uma seletividade natural.
Na conferência realizada em março de 2009 pela Pontifícia Universidade de Roma, marcando o 150 º aniversário da publicação da Origem das Espécies, em geral, ficou confirmada a ausência de conflito entre a teoria da evolução e a teologia católica,  bem como a rejeição do Desenho Inteligente pelos estudiosos Católicos.
A Igreja deferiu aos cientistas as questões como a idade da Terra e da autenticidade do registro fóssil. Pronunciamentos papais, juntamente com comentários dos cardeais, aceitaram as conclusões de cientistas sobre o aparecimento gradual da vida. A postura da Igreja é que qualquer aspecto, mesmo que gradual deve ter sido guiado de alguma forma por Deus, embora até agora a Igreja não tenha definido de que forma isso ocorreu.
In corde Iesu et Mariae,
Hellen Cristine Walker
Apostolado Spiritus Paraclitus