terça-feira, 15 de março de 2011

O Magistério da Igreja sobre a sagrada liturgia


Dois Papas se sobressaem nesse magistério: São Pio X e Venerável Pio XII.

Pio X se distinguiu pelo seu interesse litúrgico já antes de chegar ao supremo pontificado. Três meses após ascender ao trono de Pedro, o Pontífice publica o motu proprio Tra le sollecitudini (22.10.1903), sobre a música e o canto na Igreja, destinado a renovar a música religiosa e restaurar o gregoriano. Este documento foi um ponto de partida na questão da participação litúrgica. Nele, assim se expressa o Papa: "Sendo nosso vivíssimo desejo que o verdadeiro espírito cristão refloresça totalmente e se mantenha em todos os fiéis, é necessário prover, antes de tudo, a santidade e a dignidade do templo, onde precisamente os fiéis se reúnem para beber este espíritode sua primeira e indispensável fonto, que é a participação ativa nos sacrossantos mistérios e na oração pública e solene da Igreja". Dois anos depois, promulgou o decreto Sacra tridentina synodus (1905), para a fomenar a comunhão frequente e, cinco anos mais tarde, o decreto Quam singulari (1910), para promover a admissão das crianças à comunhão em tenra idade. Em novembro de 1911, publicava a Constituição apostólica Divino Afflato , onde tratou da reforma do breviário e a revalorização da liturgia dominical.

Três linhas claras aparecem no magistério litúrgico de São Pio X:

1- a renovação da música sacra, porque 'nao devemos cantar na Missa, mas cantar a Missa',
2- a aproximação entre os batizados e a comunhão eucarística que rompeu um distanciamento de séculos entre os fiéis e o comungatório - é sabido que historicamente vivemos tempos de rarefação da recepção da Comunhão.
3- aplainou o caminho para a participação sacramental na SSma Eucaristia, mesmo que a catequese oferecida ainda devesse ser aperfeiçoada, a reforma do ano litúrgico e do breviário.

A partir de Pio X, participação ativa será o objeto de inúmera produção de textos, alguns justos; muitos, porém, exagerados. Ademais, o movimento litúrgico também reivindicará uma 'maior' participação dos fiéis nos sacrossantos mistérios, evidentemente que, com algumas argumentações legítimas; outras, infelizmente bastante exageradas, o que motivou Pio XII fazer algumas críticas, basta ler a alocução de Pio XII - carregada de reservas - no Congresso Litúrgico- Pastoral de Assis, em 1956.

No amplo magistério de Pio XII, dois documentos se destacaram: a Encíclica Mediator Dei, considerada a carta magna do movimento litúrgico e o discurso aos participantes do Congresso Internacional de Pastoral Litúrgcia celebrado em Assis (1956).

Alguns dados da renovação litúrgica efetuada por Pio XII: Instrução sobre a formação do clero no of´cioos divino (1945), a extensão ao sacerdote, em alguns casos, da faculdade de confirmar (1946), a multiplicação dos rituais bilíngues, sobretudo a partir de 1947, a determinação da matéria e a forma da ordem do diaconato, do presbiterato e do episcopado (1948), a reforma da vígilia pascal (1951) e do jejum eucarístico (1953 e 1957); nas mesmas datas, a introdução das missas vespertinas, a reforma da Semana Santa (1955), lecionários bilíngues a partir de 1958. A obra do Papa Eugenio Pacelli é coroada, em 1958, com a Instrução sobre a música sagrada e a liturgia, nos termos das encíclicas Musicae sacrae disciplinae e Mediator Dei.

Destaco, a seguir os principais conteúdos da Mediator Dei:

a) A teologia da liturgia como culto público integral do Corpo Místico de Cristo, da Cabeça e dos membros, e como presença privilegiada da mediação sacerdotal de Cristo-Cabeça;
b) A espiritualidade da liturgia, a dimensaõ interior e profunda do culto da Igreja: "Estão inteiramente equivocados aqueles que consideram a liturgia como mero lado exterior e sensível do culto divino ou como cerimonial decorativo; e não estão menos aqueles que pensam ser a liturgia o conjunto de leis e preceitos com os quais a hierarquia esclesiástica configura e ordena os ritos".
c) O equilíbrio teológico, não oportunista entre panliturgismo e subestimação do culto; piedade objetiva e subjetiva, comunitarismo e individualismo; celebração e culto da Eucaristia, progressismo e tradição.