“O camponês perguntou: Que aconteceu, irmão, por que estás chorando? O irmão respondeu: Meu irmão, o meu Senhor está na Cruz e me perguntas por que choro? Quisera ser neste momento o maior oceano da terra, para ter tudo isso de lágrimas. Quisera que se abrissem ao mesmo tempo todas as comportas do mundo e se soltassem em cataratas e os dilúvios para me emprestarem mais lágrimas. Mais ainda que juntemos todos os rios e todos os mares, não haverá lágrimas suficientes para chorar a dor e o amor de meu Senhor crucificado. Quisera ter asas invencíveis de uma águia para atravessar as cordilheiras e gritar sobre as cidades: o Amor não é amado! O Amor não é amado! Como é que os homens podem amar uns aos outros e não amar o amor?” (Irmão de Assis- Inácio Larrañaga)
“O que é a vida de São Francisco, convertido, senão um grande ato de amor?”(Bento XVI). Estamos diante de um santo como São Francisco, que mundialmente e por várias gerações, sempre despertou em vários jovens uma atração e fascinação a pessoa de Cristo. Mas como é possível, vencer o transcurso dos anos e a diversidade cultural, tornando-se assim viva e atrativa a sua memória entre os homens? Sim, é o belíssimo testemunho de São Francisco que atraiu, atrai e atrairá muitos homens e mulheres, de todas as idades e culturas, a uma profissão de amor a Jesus Cristo, que se resume a um convite: O amor não é amado, por isso vamos amar o amor!
Assim, São Francisco de Assis, com a sua conversão, representa não só um marco para a sua vida pessoal, mas também um marco para a Igreja Católica. E o que fez da conversão de São Francisco um marco para a história da humanidade? Simplesmente a sua missão, pois a sua conversão lançou este a um lançar-se ao serviço de Deus: “Vai Francisco, reconstrói a minha casa!”
“Busca da paz, a salva-guarda da natureza, a promoção do diálogo entre todos os homens. Francisco é um verdadeiro mestre em tudo isto. Mas o é a partir de Cristo -- declarou --. Cristo é, de fato, “nossa paz”. Cristo é o próprio princípio do cosmos, pois nEle tudo foi feito” (Bento XVI).
São os grandes temas atuais que ainda hoje recebem grande influência da missão de São Francisco. Mas afinal, por que o alcance da missão de São Francisco foi tão amplamente abrangente? Foi pelo fato da sua grandiosa experiência do amor de Deus que o fez assim responder sob ação da graça de Deus aos grandes questionamentos dos homens: Por que sofremos? Por que vivemos? De onde vem o mau? Como vencer o pecado? Como amar a Deus e aos irmãos? Como alcançar a paz? Qual é a verdadeira riqueza? Como ser obediente? Como ser puro de coração?
São tantas perguntas que brotam no coração do homem, mas que em São Francisco, foram transformadas em gestos de amor, por meio de uma vida convertida a Jesus Cristo. Enfim, é o seguimento a Jesus Cristo que faz do homem um ser pleno, e em São Francisco observamos um grande testemunho de radicalidade evangélica.
“Servir aos leprosos até beijá-lo não foi só um gesto de filantropia, uma conversão, por assim dizer, “social”, mas uma autêntica experiência religiosa, ordenada por iniciativa da graça e do amor de Deus” (BENTO XVI). Em nossas vidas, podemos também ser um testemunho vivo de superação na nossa missão no qual Deus no confiou. Por isso, é importante, a exemplo de São Francisco, saber disso: Deus nos fez para amar, em vista de uma missão e para nos ofertarmos a Deus, de forma livre e responsável. Só assim poderemos unir e tornar pleno o sentido dessas duas palavras: AMOR E MISSÃO. Parte da Graça de Deus, pois a conversão de São Francisco não é meramente um voluntarismo de São Francisco, mas sim, primeiramente e completamente, um olhar de amor de Deus ao homem, para assim, sob ação da graça, o homem possa reconhecer Deus como centro da sua vida, e se tornar obediente ao apelo de Deus: Amor e Missão.
“Era uma missão que começava com a plena conversão de seu coração para converter-se depois em fermento evangélico espalhado nas mãos cheias na Igreja e na sociedade” (BENTO XVI). Enfim, São Francisco ensina-nos o marco inicial da sua missão: O encontro pessoal com o Cristo Ressuscitado que passou pela cruz! Que nesse encontro gera uma conversão em vista de uma missão. Por isso, devemos unirmos ao louvor seráfico de São Francisco, como cumprimento pleno da vontade de Deus para nossas vidas: sede santos! Para amar a Deus e aos homens dentre de uma missão no qual Deus nos confiou. Possamos nesse dia, unidos a graça da ressurreição de Cristo, louvar a Deus por tudo que Ele realiza em nossas vidas, e pela nossa missão, pedindo a Deus um renovar e um aprofundar na dimensão de sermos missionários, pela graça do nosso batismo e do amor de Deus que nos foi derramado pelo Espírito Santo em nossos corações!
Por Marcio André Teixeira Barradas
Consagrado e seminarista da Comunidade Católica Shalom